"Soam Vãos, dolorido epicurista,
Os versos teus, que a minha dor despreza;
Já tive a alma sem descrença presa
Desse teu sonho que perturba a vista.
Da perfeição segui em vã conquista,
Mas vi depressa, já sem a alma acesa,
Que a própria ideia em nos dessa Beleza
Um infinito de nós mesmo dista.
Nem à nossa alma definir podemos
A perfeição em cuja estrada a vida,
Achando-a intérmina, a chorar perdemos.
O mar tem dim, o céu talvez tenha,
Mas não a ânsia de Cousa indefinida
Que o ser indefinida faz tamanha.
(...)"
pelo desassossegado F. Pessoa
segunda-feira, 6 de julho de 2009
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